sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Paixão, sensualidade e amor - I

Este tema tem sempre suscitado controvérsias nos meios acadêmicos e filosóficos, naturalmente porque muitos não tiveram a preocupação de aprofundarem-se nas causas primeiras dessas forças extraordinárias que impelem o ser para frente, obrigando-o a reproduzir-se.
Não fora os mistérios que se levantam desde os tempos imemoriais, tanto maiores, quanto mais antigos, por força da ignorância e rudeza dos homens primordiais, mais é evidente a violência dessas ignotas forças sobre esses indivíduos e até os de nossos dias.
Em nossa abordagem pretendemos demonstrar que tais fenômenos têm origem nos mais recônditos recantos da alma.

Preocupa-nos, em nossas assertivas, podermos ser taxados de idealistas (religiosos) por alguns. Nada disso nos interessa, entretanto, cumpre-nos demonstrar, com a agudeza microscópica de nossos estudos, este mistério que, só o é, por ser ignorado, desconhecido e incompreendido à medida que nos acobertamos ou com a carapaça de preconceitos ou da mera incapacidade de enxergar que tais fenômenos têm origem mais remota e chega mesmo a transcender o chamado conhecimento científico, uma vez que o foco da ciência, não é capaz de ir além das aparências ou quando muito, de vislumbrar sutis afloramentos do que ocorre das profundezas do inconsciente.

Queiramos ou não, seremos conduzidos ao palco dos fenômenos de visão abstrata, ou se preferir, de nenhuma visão, o olho clinico ainda não chegou lá. Teremos que nos deslocar em terrenos movediços, nem por isso, incapazes de apreendermos.
A primeira fase desse paradigma é a de maior força, a mais primitiva e a de maior efeito destruidor, pois está na raiz do processo evolutivo em cuja cadeia, durante milênios o homem se deslocou cumprindo, sem o saber, um determinismo de trajetória ao qual se pode chamar de telefinalismo.

Nesta fase, a psicologia, muitas vezes, detecta o fenômeno em suas conseqüências, isto é, em seus efeitos, sem poder descobri-lhe as causas.

A patologia do fenômeno, embora se mostre em tempos atuais, escapa-lhe à percepção, pois está nas profundas camadas do remoto inconsciente, em cuja sedimentação ficou gravada a razão, a causa determinante que se originara há muitos milênios.

Sob a observação aprofundada onde a psique humana se revela, não podemos, até por uma questão de lógica, atribuir tão somente à nossa herança genética esta capacidade extraordinária capaz de nos levar tão longe, o que sob o ponto de vista desta própria ciência, mostrar-se-ia, incapaz de transmitir por sucessivas gerações tais caracteres de fundo eminentemente, psíquico.

É certo que, tais heranças em nível biológico, coube a tarefa de, no decorrer dos milênios, moldar-nos a fisiologia e capacitar-nos à adaptação para as mudanças dos ecossistemas durante as transformações do planeta para a nossa própria sobrevivência.

Ainda, nessa intermediação, da herança genética em que Darwin vislumbrou no processo da evolução das espécies, não lhe foi perceptível o psiquismo intrínseco capaz de impor à morfologia biológica as suas devidas alterações para a adaptação apropriada, de onde, na realidade, teve origem, pois o fenômeno é processado do interior para o exterior do ser, como a semente que se transforma em árvore, elaborado, silenciosamente, por ações ocorridas no psiquismo inerente a todos os seres vivos e imperceptíveis aos microscópios.

Fora necessário esse arrazoado introdutório para que nos fosse apontada a saída para o conhecimento do fenômeno, sem o que, continuaríamos no ciclo vicioso sem escapatória. Estaríamos a boiar na superfície sem mergulharmos nas profundezas onde está a verdadeira causa.

Como a paixão foi um dos primeiros sentimentos a ser revelado ao homem no decorrer da escala evolucionista, ainda no estágio semi-animalesco, é, por conseguinte, a de maior gravidade dentro do contexto do relacionamento humano, como se fora uma herança maldita. Para que este fenômeno seja mais bem assimilado não há outra solução que não seja compreender que esse processamento ocorre numa esfera superior da complexidade do homem, na sutileza do imaterial que é a sua psique, portanto, imorredoura, e que está no cerne da questão.

Felizmente, hoje, uma janela começa se abrir para nos mostrar que, como disse Shakespeare: “há mais estrelas entre o céu e a terra do que pensa a vossa vã filosofia”. Queremos dizer que, por força da própria evolução o homem está emergindo das trevas do materialismo obtuso e enxergando novas perspectivas no campo da física quântica atingindo o limiar dos parâmetros da matéria e da energia, onde lhe será mostrado a ocorrência de tais fenômenos que acontecem no plano do imponderável, exatamente, no âmbito em que a matéria se manifesta vezes como partícula, vezes como vibração (onda); em tais situações, é fácil compreender que as sintonias de freqüências são capazes de nos revelar a realidade do que se processa nesse mundo invisível, nem por isto, menos real. Poderemos exemplificar, grosso modo, nossas comunicações eletromagnéticas de hoje, acessível ao homem moderno onde é possível, praticamente uma comunicação instantânea em qualquer ponto do planeta sem que possamos palpar ou ver como se processa.

É ali, na intimidade mais recôndita do ser onde estão gravadas, de modo indelével, as verdadeiras paixões humanas oriundas da mais remota animalidade, capaz de, em dado momento, eclodir com extrema violência.
A paixão é a parte visível do egocentrismo, cuja origem, transcende o existencial, que, apesar disto, não menos compreensível.

Não cabe aqui detalhar maiores considerações por essas plagas, em virtude da exigüidade de espaço e, também, para não perdermos o foco de nossas observações, pois, o que nos interessa aqui, é demonstrar as causas primeiras dessa faceta da personalidade humana que até hoje continua a dilacerar as famílias e, por vezes, até países, induzindo-lhes à guerra fratricida.

As ciências psicológicas, com todo o seu avanço tecnológico, ainda não se mostraram capazes de erradicar este estigma que acompanha a evolução do homem pelos tempos a fora. A forma de fazê-lo é refinar-se à sintonia fina dos fenômenos anímicos, em cuja esfera, são processadas as informações capazes de, não apenas serem compreendidas, mas torná-las tangíveis e monitoradas.
No próximo artigo, concluiremos nossas considerações sobre a paixão, daí, partiremos em direção aos jogos sedutores da sensualidade quando serão examinadas as suas sutilezas que se passam imperceptíveis ao olhar hodierno, quando demonstraremos a sua função de utilidade a favor da evolução ao rumo do telefinalismo.

Herialdo Bastos
Autodidata

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